A Inteligência Artificial (IA) nasceu nos laboratórios de pesquisa, no entanto, o conceito mais básico provém da pesquisa académica. No início do aparecimento da IA, apenas pessoas especializadas a dominavam. Porém, esta tecnologia chegou, rapidamente, ao setor empresarial e, hoje, a sua utilização é ensinada em várias áreas do conhecimento. É, por isso, que neste artigo abordamos as oportunidades e desafios da IA nas empresas.
Segundo Charlie Grosman, responsável pela direção científica da FI Group, a IA [nas empresas] permite que os funcionários consigam “identificar mais rapidamente novas oportunidades”. Nas empresas de consultoria financeira, por exemplo, os colaboradores precisam de procurar variados dados no arquivo: “Temos muitos relatórios técnicos, com muitas palavras-chave, temos dados financeiros sobre clientes… A IA pode ajudar-nos a classificar de forma mais rápida e eficientemente, qual a melhor solução de financiamento para o cliente em concreto, com base nas informações anteriores”.
Contudo, o especialista reforça que, para haver uma implementação eficaz de Inteligência Artificial nas empresas, é também crucial apostar em especialistas na tecnologia em questão.
Oportunidades transformadoras da IA nas empresas
Atualmente, é seguro afirmar que há recursos conectados à Inteligência Artificial (IA) que já são utilizados nas empresas, bem como casos promissores que ainda se encontram em fase exploratória.
Charlie Grosman afirma que “um dos usos mais remanescentes da IA, especialmente em serviços, é a [IA] baseada em texto”, ou seja, que processa linguagem natural. A título de exemplo serve o Chat GPT.
Em determinados serviços é comum os colaboradores recorrerem a uma grande quantidade de texto, seja somente para o armazenar ou para cruzar [o texto] com os clientes. Quando a Inteligência Artificial é desenvolvida neste setor, há uma grande tendência em ser considerada como “substituta” dos funcionários. No entanto, deve ser vista como um acrescento ao ser humano, uma forma de automatizar tarefas, nomeadamente, as mais repetitivas.
“Com a capacidade da IA, é possível fazer tudo o que não era feito antes, como procurar uma quantidade vasta de informações e de dados, num curto período de tempo. Desta forma, o trabalho do colaborador pode ser aumentado e, consequentemente, valorizado, especialmente no domínio dos serviços”, explicita.
Reestruturação da cultura organizacional em resposta à IA
Por ser uma tecnologia recente no setor empresarial, muitas pessoas não estão acostumadas a trabalhar com o apoio da IA, ficando alheias às variadas capacidades que ela [IA] detém. Por outro lado, quando os funcionários se apercebem do que a tecnologia pode fazer, “caem no erro e tendem a pensar que é mágica, como se realmente pudesse fazer qualquer coisa ou todo o trabalho das pessoas”.
Charlie Grosman alega, então, que um dos maiores desafios na implementação de IA nas empresas é combater a mentalidade das pessoas, que pode variar entre dois campos opostos: “é necessário fazer com que as pessoas entendam as funcionalidades da IA e de que modo pode ser utilizada, sem terem receio (que é bastante comum), mas também sem assumir que é magia e que tudo fará”.
Para que haja uma cultura equilibrada na empresa, face ao uso da IA, é necessário explicar, no caso do processamento de texto, que a tecnologia, para funcionar corretamente, necessita de um grande volume de informação de qualidade para que possa construir e elaborar o que lhe é solicitado.
Por esse mesmo motivo, as pessoas devem ter em mente que a IA aprende somente com os dados que lhe são fornecidos. E, por isso, “apesar de gerar informações úteis e relevantes, num período curto de tempo, não é uma tecnologia em que os colaboradores devam confiar a nível exato”.

Desafios que colocam em risco a utilização da IA nas empresas
Num mundo em constante evolução tecnológica, Grosman reforça a importância dos funcionários estarem cientes da política de confidencialidade ao recorreram a plataformas externas. No caso do Chat GPT é explicitado que todas as informações colocadas ficam armazenadas no servidor da OpenAI.
“Estas questões aplicam-se a qualquer dispositivo digital. Quando uma pessoa recorre a um serviço de terceiros, precisa sempre de se questionar sobre a segurança dos dados”, enfatiza. No entanto, se uma empresa construir uma ferramenta de IA para uso interno, a informação fica armazenada nos servidores da organização, não havendo problemas com a confidencialidade de dados.
Em termos de ética e regulamentação, o especialista considera haver algumas lacunas pelo facto de se tratar de “um assunto novo”: “A Europa está realmente avançada, existe o RGPD, que protege a privacidade de dados, mas em relação à IA, ainda estamos no começo”.
Uma preocupação que surge com a implementação da IA nas empresas, é a possibilidade da tecnologia responder de forma tendenciosa, podendo criar um enviesamento da informação. O responsável pela direção científica da FI Group, recorre às leis contra a discriminação como exemplo: “Existem pessoas que são preconceituosas, que geram atos e decisões discriminatórias. A IA, como já mencionado, aprende com comportamentos e documentos anteriores já existentes. Ou seja, caso a informação que lhe seja disponibilizada tenha dados discriminatórios, a IA poderá tomar decisões mais tendenciosas, neste caso, para a discriminação”.
Na ótica de Charlie Grosman, a falta de capacidade de explicação da IA é um aspeto deveras relevante e merecedor de atenção: “Como humanos, precisamos de construir uma explicação em torno da ajuda que a IA nos concede”.
Neste sentido, surgem questões de ética que abordam determinadas mudanças na tecnologia, de modo a torná-la devidamente explicável: “Pode ser útil para ganharmos tempo mas, às vezes, mesmo que a resposta seja relevante e nos ajude, temos de entender o porquê da IA ter tomado uma determinada decisão, perceber se a resposta é tendenciosa para a base de dados que tem“.
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