O futuro digital da Europa


Digitalização: uma abordagem assente em três pilares

A abordagem europeia basear-se-á em três pilares principais, a fim de que a Europa possa tirar partido da oportunidade de dar aos cidadãos, empresas e governos a possibilidade de exercerem um controlo sobre a transformação digital.

O primeiro pilar assenta na tecnologia ao serviço dos cidadãos. Entre várias medidas, realça-se o investimento nas competênciais digitais dos europeus, na proteção dos mesmos face às ciber-ameaças, como a pirataria informática, o software de sequestro e usurpação de identidade.

Para além disso, este pilar prevê ainda o desenvolvimento da inteligência artificial, de forma a respeitar os direitos dos cidadãos e a conquistar a sua confiança, como a expansão da capacidade de supercomputação da Europa, com vista a desenvolver soluções inovadoras nos setores da medicina, dos transportes e do ambiente. Neste âmbito, a aceleração da implantação da banda larga ultrarrápida nas habitações, escolas e hospitais de toda a UE é também um dos objetivos a serem cumpridos.

Já o segundo pilar é reservado à economia digital, justa e competitiva. Este, por sua vez, pretende expandir e facilitar o acesso ao financiamento às startups e PME inovadoras e reforçar a responsabilidade das plataformas em linha. Neste enquadramento, é ainda proposto que as normas europeias sejam adequadas a uma economia digital e que haja uma concorrência leal entre todas as empresas na Europa. Não obstante, o segundo pilar foca-se da mesma forma no melhoramento do acesso a dados de qualidade, assegurando a proteção dos dados pessoais e sensíveis.

Por último, o terceiro pilar baseia-se numa sociedade aberta, democrática e sustentável​​​​​​​, onde o uso das tecnologias servirá de apoio à Europa, para alcançar o objetivo de impacto neutro no clima até 2050. Aqui está também em vista a redução das emissões de caborno do setor digital.

Criar um espaço europeu de dados sobre a saúde, que impulsione a investigação, bem como diagnósticos e tratamentos específicos, e dar meios aos cidadãos para combaterem a desinformação são outras metas presentes neste terceiro pilar.

A estratégia da Europa guia e acaba por entroncar na Estratégia Digital de Portugal, nomeadamente no que se refere à prioridade que essa digitalização sirva os cidadãos e as empresas portuguesas.

Nesse sentido, a estratégia portuguesa visa:

Capacitar e incluir as pessoas no mundo digital

A capacitação e a inclusão digital das pessoas surgem como imperativos de resposta ao impacto que a digitalização pode ter na vida de cada indivíduo, implicando uma abordagem integrada, que assegure medidas diferenciadas em função do ciclo de vida de cada cidadão:

A integração transversal das tecnologias nas diferentes áreas curriculares dos ensinos básico e secundário:

  • O alargamento da oferta formativa das instituições de ensino superior e a sua aproximação às empresas
  • Respostas de formação profissional

O desenvolvimento e implementação do programa INCoDe.2030, enquanto iniciativa interministerial, tendo como objetivo dar resposta a três grandes desafios:

  • Garantir a literacia e inclusão digitais para o exercício da cidadania
  • Estimular a especialização em tecnologias e aplicações digitais para a qualificação do emprego e uma economia de maior valor acrescentado
  • Produzir novos conhecimentos em cooperação internacional

Apostar na tranformação digital do tecido empresarial

A aposta neste pilar de transformação digital do tecido empresarial assenta, sobretudo, em medidas e ações que concretizem o apoio ao investimento, o estímulo à digitalização das empresas e à sensibilização e capacitação em particular das PME, que representam o grosso do tecido empresarial e do emprego em Portugal, e o desenvolvimento de iniciativas que concorram para a consolidação do conhecimento científico e tecnológico empresarial.

Nesse sentido, o desenvolvimento de competências digitais na sua organização e funcionamento assume especial relevância, tanto internamente, como nos mercados externos.

Apostar na digitalização do Estado

A aposta num setor público dinâmico, ao nível das tecnologias de informação e comunicação, bem como ao nível da modernização e inovação tecnológica, permite, em termos globais, aumentar a eficiência e a qualidade dos serviços prestados, constituindo, assim, um dos principais desígnios do Governo em matéria de transição digital.

A par da simplificação da Administração Pública, através do Programa SIMPLEX, importa promover uma maior utilização das tecnologias de informação em todos os organismos públicos e nos diversos serviços que estes disponibilizam, assegurando a reconversão de processos para o universo digital, assim como apostar na formação e valorização dos trabalhadores em tecnologias de informação e digitalização.

Importa, ainda, sublinhar a perspetiva abrangente da Administração Pública que se pretende com este pilar, englobando não só a Administração Central, mas também o poder a nível local e regional. Pretende-se desta forma que a transformação tecnológica da Administração Pública desempenhe um papel fundamental na institucionalização de poderes ágeis e abertos, facilitando o acesso de empresas e cidadãos a dados e informação do Estado, e na criação de territórios inteligentes, mais próximos e conectados.

O desenvolvimento e a expansão da oferta de serviços públicos disponíveis online e a promoção da simplificação e eficiência dos processos internos do Estados constituem, deste modo, objetivos essenciais na implementação deste pilar de atuação.

Catalisação da transição digital de Portugal

Transversal aos três pilares e funciona como instrumento de aceleração da transição digital em Portugal, facilitando e potenciando o sucesso de todas as medidas apresentadas, com contribuição para a criação de uma verdadeira sociedade digital.

Identificam-se como catalisadores chave a institucionalização de um ambiente regulatório, que permita explorar o potencial da economia de dados e tecnologias, respeitando princípios de ética, privacidade e segurança, a aposta no reforço e modernização da infraestrutura digital, e a valorização e comunicação à escala global da aposta digital em Portugal.​​​​​​​​​​​

Principais catalisadores:

  • Regulação, privacidade, cibersegurança e ciberdefesa
  • Economia circular dos dados
  • Conectividade e infraestrutura
  • Tecnologias disruptivas
  • Alinhamento com a estratégia digital europeia
  • Comunicação e promoção

Pierre Quintaneiro, Account Manager